8/09/2007

Minha Canção - Novela parte 1

Cinza, o céu continuou acima de minha cabeça. Eu continuei a andar tentando encontrar o objeto que caira do meu bolso da frente. Os olhos fitavam o chão em um misto de angústia e anciedade pois poderiam encontrá-lo antes de mim e isso significaria que eu não o veria mais. Nesse momento, Romeu, em um ato de completa angústia, me encontrou.
- Senhor Thiago, não faça isso...
- Romeu - interrompi - a cada homem deve ser dado pelomenos a chance de escolher como ele vai morrer.
- Mas, não agora Senhor!
- Procurei, mas não encontrei em nenhum lugar da minha mente motivos que fossem bons o bastante para eu não vir até aqui e completar meu plano. O problema é que eu o perdi, não sei onde caiu...
Romeu suavizou o semblante. A peça perdida realmente era de valor alto na próxima atitude que eu pretendia tomar. Ela havia sido achada em um túmulo de uma das civilizações mais antigas da américa do sul, a Maia. A análise desse objeto e a conecção do seu significado, assim como o significado do próprio nome dessa civilização me levou ao atual patamar. Não Há porque continuar a ser uma pessoa viva, encarnada (seja lá como os espíritas e budistas costumam alegar) pois somos apenas objetos.
Romeu tentou se antecipar em nossa caminhada que nos conduzia de volta ao meu local de partida. Ele olhava para os lados, como se fosse um fugitivo enquanto eu andava devagar olhando para o chão procurando o pequeno objeto.
Nesse momento, eu me lembrei de uma das minhas mentalizações criativas que por muitos anos povoou meus sonhos. Eu sonhava com nanocriaturas criadas por mim que poderiam se vingar de todos os meus inimigos invadindo correntes sanguíneas e tirando-lhes a vida. Naturalmente seria uma morte completamente atípica e impossível de caracterizada por qualquer tipo de legista. Ao mesmo tempo, eu pensava em como essas nanocriaturas poderiam servir para destruir grandes doênças da humanidade, como o câncer, tendo a capacidade de chegar e reconhecer as células malvadas distruindo-as. Mas para que eu resolveria doenças? Estava claro que essas serviam para controlar o crescimento do vírus humano sobre a face da Terra. Observe a História dos Maias querido leitor, onde seu declíno teve início quando não conseguiram conter o tamanho de sua população, provocando inúmeros problemas de sobrevivência, organização e de alimentação. Não conseguindo manter o povo alimentado, logo vieram as pestes e, por fim os espanhois.
Maia (ou Maya) significa ilusão. Um povo perfeito, uma maquete de uma civilização que se refletiria depois no resto do mundo. Seu início, seu meio e seu fim ocorreram em tempo resumido para que tudo pudesse ser antes testado. Estamos fadados aos nossos próprios excessos. Ao crescimento desordenado da humanidade até que esse planeta não nos queira mais sobre ele e "como um cachorro que se livra das pulgas num saculejo" nos mate.
- Romeu, eu sou velho, e não sei ainda hoje o porque de eu ter vivido até a idade que tenho.
- Senhor, a morte não é a solução....
- Não procuro a morte como solução pois não tenho problemas. E nem a procuro como ideal, pois os ideais não me interessam mais. A morte é apenas a potencialização do que eu já sou: vazio.
E quando dizia em voz alta aquelas palavras, pisei em algo pontiagudo que o transpassou meu pé direito. A dor me fez cair ao chão e fitar o céu, exatamente para poder olha-lo e perceber que a sua cortina cinza que se manteve assim por 20 anos estava inexplicavelmente se abrindo...

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