6/22/2009

GABRIEL ARAÚJO - Gabriel Araújo (2009 - Independente)



Numa dessas tardes de domingo em que você só pensa em relaxar, fui para o computador olhar e-mails e o twitter enquanto tomava um whiskey e buscava algo para ouvir. Parei no disco que havia acabado de receber, o auto-intitulado de GABRIEL ARAÚJO. A primeira coisa que observei foi a belíssima capa (cunhada pelo fera Bruno Borges), um trabalho de arte gráfica que ilustra bem o que se pode encontrar dentro do disco. Ok, coloquei a bolacha pra rodar e fui ficando intrigado com a intro. Um violão desafinado sendo escovado e tendo suas cordas esticadas para chegar a afinação. Logo em seguida, "Olhe pra'qui" iniciou seus acordes demostrando um trabalho harmônico complexo e muito bem composto. Texturas de sons aparecem ao fundo aumentando a profundidade da canção que demonstra um misto entre o experimentalismo, violão erudito e o alternativo.
A quase minimalista "Casamento Judeu" impressiona a cada momento ficando cada vez mais bela e mais tensa e demonstrando como apenas um violão torna-se o bastante para uma canção como essa. "Dia de vento" é com certeza uma das minhas prediletas. Suas estruturas complexas levam qualquer ouvinte a uma viagem de 11 minutos sem volta. Entramos então em "Cronologia Suspeita", tema desenvolvido em duas partes. A primeira é climática e hipnótica, com seu dedilhado arrastado e ruídos ao fundo é mesmo uma canção com cara de trilha sonora. Já a segunda parte é a canção mais atípica do álbum com arranjos de sintetizadores e sopro muito bem colocados. Uma atmosfera de jazz contemporâneo (que lembra grupos como The Cinematic Orchestra por exemplo) vai te embalando enquanto linhas de baixo vão dançando e rimando com sutis guitarras ao fundo. Essa canção demonstra claramente o potencial do compositor e a maturidade como produtor alcançada por Gabriel Araújo.
Seguindo em frente, mas um momento hipnótico e de grande beleza vai aparecendo em "Panorâmica da Ponte", faixa de 10 minutos que vai te deixando em estado letárgico, como uma mantra sem palavras até que você acorda no "Fim". Essa última faixa é na verdade uma espécie de resposta ao que aconteceu na "intro". Aqui, as cordas do violão são gradualmente folgadas até a completa desafinação.
Em resumo, minha tarde de domingo tornou-se uma viagem progressiva, exotérica, minimalista... Recomendadíssimo como trilha sonora dos momentos de reflexão e leitura. Gabriel Araújo está de parabéns! Já estou aguardando os próximos!

2 comentários:

BB disse...

Thiago, vou jogar no ar o disco de Biel e, atrevidamente, amarrá-lo à sua resenha. Ficou muito boa, era só isso que faltava : ) Colocarei nos creditos, beleza?

Abração!

Gabriel disse...

Meu nome também é Gabriel Araújo eu escrevo umas ou outras musicas também
entro no pc pra ver orkut emails e twitter...