1/06/2008

A estória de minha própria loucura parte 4 - não sei até quando escreverei pra ninguém ler

Os olhos de Jano se abriram instantâneamente. Seu coração pulou e um frio em seu estômago foram sentidos simultaneamente quando ele ouviu a voz. Mas, de onde vinha essa voz se ele estava sozinho naquele lugar a uma distância considerável de qualquer civilização? Jano pensou em não ter ouvido e sim sentido aquela voz. De olhos abertos ele enchergava as árvores a sua frente e de uma forma muito estranha, parecia muito mais fácil conseguir chegar até elas.
Os passos se encurtaram e ele chegava mais perto da floresta e mais longe da casa. Sua mão apertava forte o sino para que de maneira nenhuma ele escorregasse de seus dedos. Quando não mais podia andar Jano se jgou ao chão exausto por causa de sua luta contra suas próprias limitações. Chorava, um choro que poderia encher de pena qualquer um que passasse e o visse ali no chão com suas roupas claras e largas, sua barba por fazer e seu cabelo curto. Os olhos cheios de lágrimas distorciam a visão do mundo que o cercava, desfocavam a visão do único objeto que lhe trazia segurança, o sino em sua mão. Jano chorava porque se sentia naquele momento um perdedor, um fraco que não conseguia nem lidar com seus próprios problemas.
Ele pensava que em países pobres pessoas morriam e fome e viam seus filhos definharem pedindo comida sem nada a fazer e mesmo assim essas pessoas encaravam seu destino de frente, duras, mesmo que fracas e exaustas ao chão. E ele, um homem sadio que se recolheu a sua fraqueza, se isolando de todos por não consmeguir lidar com outras pessoas, por não conseguir lidar nem mesmo com ele. Um fraco que não deveria ter nascido pois não conseguia nem mesmo carregar a cruz que lhe fora destinada.
O choro compulsivo foi passando e já eram 3 horas da tarde quando ele acordou de um leve cochilo na mesma posição em que estava quando caiu. Ele se lembrou de ter sentido a voz lhe mandar abrir os olhos e lentamente foi erguendo suas pálpebras e contemplou a visão ao seu redor. Jano estava já dentro da floresta, a cerca de 10 metros de distância da entrada. Ele havia conseguido ir muito mais longe do que pensara. A sensação de ser um fraco passou e ele se sentiu a pessoa mais forte do mundo. Se levantou. Um riso de pura alegria adornava seu rosto enquanto olhava para as árvores ao seu redor. Olhou para suas mãos sujas de terra e sentiu algo estranho. Não a costumeira vontade de lavar as mãos que sentiria. O sino estava jogado ao chão e quando ele resolveu abaixar para pega-lo algo inesperado aconteceu:
- "Olá Jano."
Uma voz, ele havia sentido novamente. Olhou rapidamente pra trás e enchergou um homem trajando uma roupa esfarrapada de agricultor. Pele queimada de sol e mãos grossas. Mas como ele saberia seu nome? Talvez pudesse ter conhecido seu Tio.
- "Eu tenho o remédio que você tá querendo." - Falou o agricultor em um linguajar carregado.
- "Como sabe que busco um remédio?"
Jano estava absorto, mas queria entender quem era aquele e como ele poderia saber coisas sobre sua vida. Precisava saber se ele conhecia seu Tio, irmão de sua mãe.
- "É que todo mundo quer um remédio pra alguma coisa, num é mesmo?"
- "E como você pode ter algo assim?"
O agricultor riu baixando a fronte para esconder o riso.
- "Tem muito mais coisa nesse mundo do que o que você acha que sabe garoto, eu sei de todas elas e quero te dar o que você precisa."
Dizendo isso, o agrucultor apontou para uma árvore e nela haviam frutos maduros. Jano não se lembrava dessa árvore, nem de ter algum dia comido frutos assim. Caminhou lentamente em direção a árvore e, nesse instante, um homem com aparência similar a do agricultor apareceu e se colocou entre a árvore e ele.
- "Toda árvore tem uma poesia, você já leu a poesia dessa?" - disse o segundo agricultor.
Jano não entendeu nada, nunca havia ouvido falar que as árvores tinham poesias. Não fazia sentido. Olhou pra trás e começou a voltar para pegar seu sino. Voltaria pra casa imediatamente. Mas o primeiro agricultor correu até o objeto jogado ao chão e o apanhou. Jano começou a sentir a mesma sensação de pânico que conhecera antes. Sua passagem de volta não estava mais a sua disposição, precisaria depender da vontade do homem que agora o segurava.
Ele olhou para o segundo homem com aspecto de agricultor e quando voltou o olhar para o primeiro, este já corria longe pra dentro da floresta, carregando o sino.

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