1/05/2008

A estória de minha própria loucura parte 3 - não sei até quando escreverei pra ninguém ler

Dizem que todos tem pelomenos um inimigo no mundo. Até o próprio deus tem o seu. Não seria Jano uma exceção a essa regra tão abrangente.
- "Imagino que sua mente funcione como uma grande orgia de pensamentos desconexos." - disse Lua, a mulher que esperava Jano no estacionomento - "Uma inundação de vontades e desejos que se somam as suas impossibilidades... você é um complexo ser derivado da antítese..."
Lua era uma antiga conhecida de Jano e, embora ela não o considerasse assim, ele a colocava no patamar de pior inimiga. Não porque houvesse ódio ou algum sentimento de vingança por parte dos dois, mas porque Lua era uma estudante de psicologia afoita que teimava em tentar diagnosticar Jano. Esse era o pior motivo de todos, embora a história dos dois não se resumisse somente a isso.
Jano encolheu os ombros e olhou para os pés de Lua. Tentou caminhar em direção a porta de s,eu carro mas já era tarde demais, Lua já havia se colocado no caminho e Jano agora se sentia cada vez mais desesperado para encontrar seu abrigo.
- "Saia já da minha frente garota!" - gritou Jano, um grito que não continha raiva e sim desespero.
Lua sorriu, quais seriam os motivos reais dela o estar tornturando?
- "Sua somatização está cada vez pior. O que será que deve ter acontecido hoke no escritório? Alguém provavelmente o criticou duramente, motivo pelo qual você quer se ver livre do universo por alguns instantes, dentro do seu carro, com música alta para que ninguém tenha que ouvir seus gemidos de agonia desnecessária." - argumentou Lua enquanto retirava de seus bolsos um pequeno bloco de notas e uma caneta.
Jano consumia-se. Sentia fortes dores estomacais e intestinais, seus olhos ardiam, seus ouvidos zumbiam alto e até os seus ossos pareciam querer fazer parte de toda a sinfonia de sintomas. Ele contemplava com olhar de fome a maçaneta da porta de seu carro e em um ato instintivo dirigiu-se para a porta, empurrando lua para o lado.
Lua gritou de susto, olhou-o boquiaberta e disse:
- "O nível de sua instabilidade é tão alto que você recorre a atitudes primárias..."
Mas era tarde, Jano já havia se trancado em seu carro e o "Ok Computer" do Radiohead já estava tocando alto.
Dentro do carro, Jano se contorcia de medo, temia não conseguir sair nunca mais dali. Desejava com todas as forças a morte pois ela significava a fuga, o alívio de toda aquela confusão que ele não conseguia entender.
E sem perceber, quando retornou de seus angustiantes pensamentos, Jano viu que já havia avança,do mais que antes para dentro da floresta. Sentiu uma mistura de medo com orgulho. Ele poderia ser forte sim, poderia ir dentro da floresta, mas na verdade estava ainda a uns 100 metros da real entrada das árvores.
Olhou pra trás, viu sua casa a uma pequena distância. Segurou firme o sino azul em sua mão e sintiu que tudo poderia ser revertido caso ele quisesse. Olhou pra frente e caminhou mais firme. As árvores se aproximavam e Jano sentia uma espécie de angústia. Que mundo poderia existir dentro daquelas árvores que lhe pudesse fazer mal?
E ele parou. Sua respiração estava ofegante, parecendo que ele havia corrido por muitos quilômetros, mas na verdade, havia apenas caminhado. Fechou os olhos, equilibrou sua vida em uma balança imaginária e viu que ela estava tão leve que não fazia diferença, o mundo, no outro prato da balança era infinitamente mais pesado. Imaginou a noite escura e a quantidade de estrelas e planetas do universo e viu seu tamanho e sua insignificância perante ao todo. Pensaou em deus e em tudo o que os homens resolveram criar para não se sentirem sozinhos e percebeu, pela primeira vez que ele estava completamente sozinho no universo, que ele era único e que ele tinha mais força assim do que tendo que pedir ajuda divina.
- "Jano, abra os olhos..."

Nenhum comentário: