eu te esperei sob a névoa da manhã
quando esta ainda não havia deixado de ser noite
e você veio trazendo flores
que cobririam meu peito assim que eu deitasse
e um nefasto e belo mundo que eu não conhecia
um universo parelelo que só contemplava em espírito
começou como um ritual ao meu redor
consumindo e cobrando seu preço em moedas nuas
eu me deitei em um solo árido demais
que roubava a água do meu corpo
e com o rosto cadavérico eu lhe observei de pé
dominadora e austera, com as flores na mão
meus pés foram amarrados juntos
para que os passos deixassem de ser
para forçar minha carne a não partir
para que as solas não tocassem mais o chão
e minhas mãos tapavam minha boca
meus olhos reviravam
e meu corpo temia em não sentir
pois o anestésico fora forte demais
chamas dentro de chamas
uma espiral de secreções
humano repentino
eu acordei me sentindo
na alquimia do cinza
na solidão indiscriminada
milhares ao redor
apenas eu em mim
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