2/17/2008

A estória de minha própria loucura parte 5 - escreverei pra sempre, enquanto o sempre não tiver seu fim.

- "Tem gente que diz que nós viemos parar nessa terra pra poder entender melhos o que há acima das estrelas menino. Você sente isso?"
Jano esboçou um sinal positivo enquanto ainda tentava contemplar a sua impossibilidade de retornar à sua casa.
- "Ele fez isso com você, levou seu sino. Ele parecia querer te ajudar, mas apenas roubou você. O que será que despertou o interesse dele pra lhe cometer esse mal?"
Jano não mais ouvia o segundo agricultor que continuava de pé atrás dele. Quando Jno se virou, notou a grande árvore carregada de frutos e decidiu rapidamente comer seu remédio. Não sabia ao certo se era veneno ou a cura pros seus males, porém, ele não se importava agora, qualquer uma das duas alternativas funcionaria. Ele só queria não ter que estar sentindo tanta aflição.
Andou até a árvore mas se sentiu enfraquecido a cada passo até chegar a cair de joelhos e não conseguir levantar os olhos.
- "Você não conhece o significado do poema dessa árvore. Ela está aí plantada há muito tempo e ninguém vivo conseguiu ter a energia vital que ela acumulou durante todos esses anos."
Jano olhou para o homem com aparência de agricultor e esse lhe estendia a mão. Ao se levantar ele notou que estava um pouco mais aliviado, mas que ainda sentia o pânico causado pela incapacidade que a falta do seu sino lhe proporcionava.
- "Meu nome é Havir. Eu vim até aqui para aprender, assim com você. Estou aqui para levar você pelo caminho mais curto até a sua casa."
Jano não entendia, mas não havia mais o que fazer. Seus olhos desesperados se movimentavam sem parar em suas órbitas esqueléticas. Mãos frias, estômago horrível.
- "Me ajude por favor" - Suplicou Jano.
- "Sim, farei o que puder. Mas saiba que no final, você terá que pagar isso com a mesma moeda."
Jano fez que sim com a cabeça sem ao menos pensar no que significava "pagar com a mesma moeda". O desespero lhe obrigava a depender inteiramente da ajuda de qualquer pessoa. A vontade de se suicidar nesse momento era gigantesca. Sua mente não parava de pensar na estória que lera onde um dos personagens se deitava no chão do aeroporto e dizia que ali era muito confortável e que era um absurdo as pessoas não saberem disso. Esse personagem com a demonstração apetitosa de conforto acabara de ser levado pela morte. Seria a morte um conforto além do normal? Essa era a idéia que o fazia querer encontrar-se com essa pálida menina de preto.
E Havir, olhando nos olhos de Jano disse:
- "Precisamos nos apressar. Mesmo o caminho mais curto é ainda muito longo."
Virou-se e começou a caminhar para dentro da floresta.

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