12/27/2007

Propaganda publicitária feita por Jano...

.........."Há sempre algo a esquecer, Vodka sempre te ajuda com isso"

A casa de Jano, quando ele foi morar na floresta.


Jano veio morar nessa casa quando completou 32 anos. Ela pertencia a um de seus tios, irmão de sua mãe. Como a casa iria ser doada Jano resolveu ir morar nela.

Obs.: Se pretende entender, leia as duas partes da estória que estão logo abaixo.

A estória de minha própria loucura parte 2 - não sei até quando escreverei pra ninguém ler

Obs.: Se pretende mesmo ler, procure a primeira parte antes de ler esta.

A chuva porém, não vinha há alguns meses e ele sentia um pouco sua falta. A sua frente, grandes áqvores de longos anos de vida farfalhavam suas folhas ao vento e se fechavam mais e mais até se transformarem um uma cortina verde.
Jano temia mudanças, temia muito não conseguir voltar para a sua casa, mas mesmo assim ele estava para sair e ir um pouco mais além naquela floresta no alto da montanha. Desvendar um pouco mais da história de sua terra e de suas raízes. Desceu o último degrau da escada tocando o solo argiloso com seu par de tênis mais que surrado. Fechou as mãos com força e sentiu o terrível medo em seu estômago. Sim, ele havia concluído que o medo se manifestava nele em seu estômago e por isso tentava combatê-lo por meis esquisitos como beber água gelada ou mesmo mudar sua respiração para uma mais diafragmática, tendo então que inflar a barriga para inspirar, o que massagearia seu estômago fazendo com que ele se sentisse mais confortável.
Começou a andar sem olhar pra frente, olhando apenas o chão como se estivesse envergonhado de estar fazendo aquilo. Seus passos eram inseguros mas mesmo assim ele avançava em direção da floresta. Passou pelas árvores de amoras que estavam carregadas e apenas as acariciou com a mão esquerda, esperando que as árvores pudessem absorver todo o medo e mal estar que ele sentia.
Jano caminhava sem parar, sem contemplar nada ao seu redor, apenas voltado para o interior de suas memórias. Fazia isso naquele momento pois já havia, em tentativas anteriores, conseguido avançar até aquela parte da floresta.
Em sua mente ele se lembrou de sua dedicação por anos para poder lutar contra o seu medo, sua busca pelos conceitos espirituais que poderiam sanar sua alma. Aprendeu que todos nós temos na vida uma carga e que essa nunca é mais pesada do que o que conseguimos carregar. Ele sabia muito bem que o medo era seu aprendizado e deveria conseguir extrair dele a força para encarar os dias de frente. No entanto, Jano sempre tropeçava e caía de onde havia conseguido chegar em profundos possos de desespero sem sentido.
Enquanto caminhava ele se lembrou do dia em que havia acordado no horário de sempre para ir trabalhar e quando lá chegou, fora surpreendido por um dos seus superiores que lhe gritava:
- Jano, não entendo o que está acontecendo com você! Por acaso você é retardado? Como você pôde criar slogans tão idiotas para as campanhas de marketing que temos que entregar até a próxima semana? "Salven-se de vocês mesmos, bebam conhaque." "Há sempre algo a esquecer, Vodka sempre te ajuda com isso". Isso é um absurdo! Você transforma os consumidores em doentes que bebem por motivos que eles não querem admitir, que não precisam pensar.
- Chefe, eu estava apenas querendo dar um certo conforto as pessoas, transformando o produto em um amigo ou uma saída pro mundo em que vivem para um mundo melhor...
- Ninguém espera um mundo melhor no fundo de um copo Jano! Você é um incopetente, um doente! Recrie para hoje toda a campanha desses clientes ou você será colocado no olho da rua!
Jano não respondeu, epenas abaixou sua cabeça e contemplou o chão. O medo gritava forte em seu estômago. Suas mão tremiam. Ele queria estar sozinho, em um lugar longe de todos e principalmente, queria que a Elisa não tivesse presenciado aquela cena.
Elisa era uma mulher de 27 anos de cabelos pretos e pele branca. Naturalmente quieta e amistosa. Não havia muito contato entre ela e Jano, já que sempre trabalhavam em projetos diferentes ou em etapas diferentes de um mesmo projeto. No entanto, Jano a observava e a desejava. Ele gostava de pensar nela como uma espécie de oásis em meio a seu complicado universo. Gostava de imaginar como seria o toque de sua pele e o gosto de sua boca. Mas não havia tido ainda coragem o bastante para apostar em algo mais concreto com ela. Ainda mais agora, depois de sua humilhação em público. Mas não era esse o único motivo de ele não chegar perto dela. Ele constumava, além de seus outros mecanismos de pensamento, imaginar passo a passo o futuro. Imaginou que Elisa e ele seriam infinitamente felizes juntos mas que esse infinitamente iria acabar um dia e tudo se tornaria um compromisso disfarçado de felicidade onde na verdade houvesse apenas o comprometimento com o outro. Ela acabaria procurando amantes para poder sair da atmosfera densa que ele com certeza acabaria criando em torno dos dois e, ao fim de tudo, faria com que ela o odiasse.
Jano preferia não ter nada do que ter o ódio de Elisa por ele. Então ele preferia não mudar o curso de seu destino de permanecer sozinho.
Naquela tarde, quando Jano entregou em um grande envelope os resultados árduos do dia de trabalho, ele se dirigiu ao seu carro no estacionamento. Tudo o que ele almejava naquele momento era a segurança do interior do seu carro com vidros fumê e música alta, que disfarçasse sua alta respiração diafragmática, seus gemidos de dor e seu pânico momentâneo. Caminhava como sempre com os olhos voltados para o chão e não percebeu que alguém lhe esperava no estacionamento.

12/26/2007

A estória de minha própria loucura parte 1 - não sei até quando escreverei pra ninguém ler

Havia um mundo a ser conhecido dentro de sua própria mente. Uma realidade completamente livre de algemas impostas por irregularidades mentais, manias e pseudo-esquisofrenias. Levantou-se a caminhou até a porta do seu quarto. Lá estava pendurado o sino azul que usava toda vez que tinha que sair ao campo pra um lugar onde acha que poderia não conseguir encontrar o caminho de volta. Como sua casa era situada em um local completamente distante da cidade, em meio às montanhas, ele temia se ver perdido na floresta próxima de sua casa.
Bem, pelas suas contas, hoje era sábado. Era uma bela manhã e tudo estava perfeito pois ele havia preparado seu pão e seu chá gelado na noite anterior. Com o sino azul na mão esquerda, ele caminhou com suas sandálias baixas para a cozinha de sua modesta casa, seu refúgio de alguns mundos externos com os quais ele não conseguia nunca lidar. Abriu a geladeira velha e de lá retirou seu chá gelado (chá mate com pitadas de limão) e colocou-o em um copo de plástico amarelo que estava em cima da mesa. Abriu o guarda-pão e retitou uma fatia com uma faca de cabo queimado. Hoje era um dia perfeito pra colher as amoras e pra conhecer um pouco mais da floresta que se estendia diante de sua residência. Mastigou o pão devagar e tomava pequenos goles do chá enquanto contemplava meio que absorto a porta aberta que dava para o lado de fora da casa. O sino azul sobre a mesa aguardava seu ritual matinal terminar.
Levantou-se da mesa e escovou os dentes, colocou uma música e fechou-se no banheiro. Ajoelhou-se no chão e olhou pra suas próprias pernas numa tentativa absurda e esquisita de se encontrar. Sentia medo por estar sozinho mas ao mesmo tempo sentia-se aliviado por não ter que lidar mais com as críticas e com o mundo do lado de fora de sua propriedade. Tinha 36 anos, cabelos curtos e um corpo magro e alto. Chamava-se Jano. E não sabia quanto tempo ele ainda teria que conviver com essa dificuldade de conseguir entender, de conseguir sair de casa e ver outras pessoas. O mundo fora cruel com ele, mas numa proporção normal, a mesma aplicada a todas as outras pessoas que nele vivem. Mesmo assim, ele se sentia como se fosse especialmente machucado pelo mundo, testado até não conseguir mais e preso em seu mundo interno.
"O difícil mesmo era ter que explicar - pensava ele - ter fazer com que todos conseguissem entender como funcionava minha mente pra que elas conseguissem me aceitar e não me achar uma pessoa tão nociva."
Mas não adiantava, tudo era doloriado demais. Ele preferiu a solidão.
Saiu do banheiro de roupa trocada, cabelos alinhados e apanhou, na mesa da cosinha, o sino azul. Se encaminou até a porta e saiu por ela. Um vento lhe refrescou a alma e ele se sentiu confortável, sentimento raro pra uma pessoa em sua condição. Pensou naquele momento que todos os seres viventes do mundo poderiam sentir aquilo, e que apesar de tudo, esse era na verdade um dos maiores objetivos da vida de cada ser: o confortável, seguro...

Desceu dois degraus da escada que terminava em chão de terra, um chão com alta concentração de argila que costumava ficar muito escorregadio quando chovia.

12/13/2007

eu te esperei sob a névoa da manhã
quando esta ainda não havia deixado de ser noite
e você veio trazendo flores
que cobririam meu peito assim que eu deitasse

e um nefasto e belo mundo que eu não conhecia
um universo parelelo que só contemplava em espírito
começou como um ritual ao meu redor
consumindo e cobrando seu preço em moedas nuas

eu me deitei em um solo árido demais
que roubava a água do meu corpo
e com o rosto cadavérico eu lhe observei de pé
dominadora e austera, com as flores na mão

meus pés foram amarrados juntos
para que os passos deixassem de ser
para forçar minha carne a não partir
para que as solas não tocassem mais o chão

e minhas mãos tapavam minha boca
meus olhos reviravam
e meu corpo temia em não sentir
pois o anestésico fora forte demais

chamas dentro de chamas
uma espiral de secreções
humano repentino
eu acordei me sentindo

na alquimia do cinza
na solidão indiscriminada
milhares ao redor
apenas eu em mim